Vigilantes pela <i>RTP</i> pública
Na segunda-feira à noite, junto à residência oficial do primeiro-ministro e na delegação da empresa no Porto, trabalhadores da RTP reafirmaram a determinação de contrariar a privatização.
Esta batalha não está perdida
Estas vigílias (tal como a ida de uma delegação à Presidência da República, na passada sexta-feira, para deixar a Cavaco Silva um veemente apelo a que rejeite qualquer modelo que ponha em causa a RTP e os serviços públicos de rádio e de televisão, violando a Constituição da República) fazem parte das iniciativas marcadas no dia 12, no plenário de trabalhadores, que teve lugar simultaneamente na sede, em Lisboa, e nas delegações do Porto, da Madeira e dos Açores.
A moção aprovada por unanimidade e aclamação – como refere uma nota publicada no sítio do Sindicato dos Jornalistas na Internet – foi apresentada pelos sindicatos que promoveram o plenário. Além do SJ, incluem-se aqui o STT, o Sinttav, o SMAV, a Federação dos Engenheiros, o SITIC e o STE, que colocaram como objectivo a salvaguarda da empresa, dos postos de trabalho e do serviço público de rádio e televisão.
No documento afirma-se a determinação de «participar nas acções de luta que as centrais sindicais venham a promover, em protesto contra as medidas de austeridade que o Governo pretende impor aos trabalhadores, reformados e pensionistas». Em data por definir, deverá ainda realizar-se uma conferência sobre os serviços públicos de rádio e de televisão. No dia 13, os sindicatos começaram a ser recebidos pelos grupos parlamentares.
Na vigília em Lisboa, esteve Bruno Dias, deputado do PCP, a reafirmar a solidariedade com os trabalhadores e o empenho dos comunistas na luta pela defesa do serviço público de rádio e televisão. No Monte da Virgem, compareceram Honório Novo, deputado, e Ilda Figueiredo, dirigente do PCP. Sexta-feira, numa declaração de Jaime Toga, da Comissão Política e responsável da direcção regional do Partido, foi feito apelo à participação nesta acção, reafirmando-se que não há serviço público de qualidade sem a abrangência geográfica assegurada pelas delegações regionais da RTP.
A ideia de que não pode haver serviço público de rádio e televisão, sem a propriedade pública da empresa que o presta, voltou a ser realçada por Jerónimo de Sousa, anteontem à tarde, na Assembleia da República, no final de uma audição sobre este tema, promovida pelo PCP. O Secretário-geral do Partido lembrou que na Europa há um amplo consenso sobre esta ideia, contra o qual vai a intenção do Governo para a RTP. Salientou que a batalha não está perdida e que ainda é possível inverter a situação, apelando à convergência de todos os patriotas na defesa do serviço público.
Na audição intervieram, entre outros, Camilo Azevedo e José Manuel Rosendo, representantes das comissões de trabalhadores da RTP e da RDP; José Nuno Martins, ex-provedor do ouvinte da RDP; Estrela Serrano, do Conselho de Opinião da RTP e que fez parte do conselho regulador da Entidade Reguladora da Comunicação Social.